Existem alimentos, mas a população não tem acesso e a fome aumenta, diz Sober

Debate será feito na UESC
Marcolino Ícone

O 57º Congresso da SOBER será realizado na cidade de Ilhéus (BA) entre os dias 21 e 25 de julho com o tema “Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento”. O evento vai articular os debates uma vez que a fome e a desnutrição continuam afetando milhares de pessoas no mundo e, particularmente, no Brasil.

O Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober) terá lugar no campus Soane Nazaré de Andrade, da Universidade Estadual de Santa Cruz – Uesc, (Ilhéus-BA). Trata-se do maior evento acadêmico na área da agricultura e desenvolvimento rural do país.

Grande parte da população vive hoje em risco alimentar e, de acordo com a coordenadora geral do evento, na UESC, professora Naisy Silva Soares “o Congresso vai abrir perspectiva para discutir e aprofundar, através dos painéis que estão organizados, essa e outras questões”.

Para o presidente da Sober, o professor Lauro Mattei (UFSC), “nesse debate existem duas posições: “É preciso produzir alimentos e a agricultura tem um papel importantíssimo nesse contexto. Não tenho dúvidas de que a agricultura tem que continuar a produzir alimentos, mais o problema, segundo dados na FAO e da ONU, não se restringe à produção. Uma enorme parcela da população mundial precisa ter acesso a esses alimentos. Quase 2/3 não tem acesso àquilo que a ONU classifica com a disponibilidade de calorias alimentares existentes no mundo e pela mesma ONU o sistema produtivo alimentar já é capaz de dar conta, à luz da população mundial, dessas necessidades calóricas . Esse debate também é daqui do Brasil porque esse também é o nosso caso”.

O pesquisador e presidente da Sober, ressalta “que o modelo de desenvolvimento rural brasileiro é dicotômico. Uma parte expressiva está assentado na produção da agricultura comercial voltada para o mercado internacional, dentro de uma estratégia econômica do país para gerar superávits comerciais, Temos também um lastro de produtores mais concentrados nos produtos voltados para a cesta básica e a função alimentar familiar. Esse modelo é visto em poucos países do mundo. Diante da dimensão geográfica do Brasil, as duas têm papel decisivo no modelo econômico-social brasileiro.